Passar horas e mais horas de estômago vazio não emagrece. Muito pelo contrário: o hábito leva ao acúmulo de gordura.
O que para algumas pessoas representa o som da vitória no processo de emagrecimento, o ronco vindo do intestino serve, na verdade, para sinalizar que um tempo considerável se passou desde a última refeição.
Uma pesquisa recente, realizada pela nutricionista Roberta Cassani, do Instituto de Nutrição de Itu, aponta que, quanto maior o número de horas sem colocar nada na boca, mais avantajada a circunferência abdominal tende a ficar.
O principal motivo que faz o jejum prolongado é que a refeição ingerida após esse período de escassez costuma ser um exemplo de desequilíbrio calórico e nutricional - na pesquisa, o jejum ocorria geralmente a tarde. Claro que você pode tentar se conter, só que, ao ser privado de energia, o organismo aciona todo um mecanismo que favorece a compulsão alimentar.
O jejum que preocupa ocorre após quatro horas da última refeição, quando praticamente todos os nutrientes já foram absorvidos pelas células. Além de buscar alternativas para fornecer glicose ao cérebro - que depende do açúcar para funcionar - , o corpo passa a liberar mais grelina (hormônio que dispara o sinal de fome). No fim das contas, a falta de glicose e a abundância de grelina na circulação propiciam os ataques de gula.
Já o cortisol é liberado pelas glândulas suprarenais em resposta ao estresse provocado pelo jejum e é um dos responsáveis por facilitar o estoque de gordura no abdômen. Com a obesidade instalada, a situação piora, já que o próprio tecido adiposo tem uma enzima capaz de aumentar um pouco a produção de cortisol, formando um ciclo vicioso.
Também constatou-se, a alteração nos níveis das enzimas hepáticas conhecidas por ALT, GGT e AST. Em concentração mais elevada, esse trio de enzimas é um indício de que o fígado começa a passar sufoco: há gordura depositada ali. Isso ocorre quando o tecido adiposo não consegue mais acumular gordura, partindo para o fígado onde acaba se instalando e provocando inflamação. A evolução do quadro, chamado oficialmente de esteato-hepatite não alcoólica, é mais um fator de risco para males cardiovasculares, além de ser uma ameaça para o próprio órgão.
Durante o jejum o organismo ativa um sistema de resistência a insulina, responsável por encaminhar glicose para dentro das células a fim de gerar energia. Tudo para que o nutriente seja absorvido sem delongas pelo cérebro, o comandante das funções fisiológicas. Agora imagine o organismo sendo submetido a essa condição regularmente...
De acordo com os estudos, a gordura, principalmente a da região abdominal, também atrapalha a ação da insulina. Um transtorno a mais para o pâncreas que acaba por produzir excessos desse hormônio na tentativa de vê-lo funcionar. Com insulina inoperante e a fartura de glicose no sangue, aparece a diabete do tipo 2.
Além disso, as voluntárias da pesquisa apresentaram índices de adiponectina inferiores, esse hormônio faria um bem danado: ela facilita a atuação da insulina, evitando inflamações, diminui o risco de formação de placas nas artérias. A boa notícia é que largar o cigarro, praticar atividades físicas e emagrecer favorece seu aumento.
Diante deste panorama, não é exagero dizer que o hábito de jejuar tem potencial para destrambelhar o organismo inteiro - a barriga refletida no espelho é só a ponta do iceberg. O ponto é que esses intervalos sem comida estão longe de oferecer benefícios. As principais refeições do dia, café da manhã, almoço e jantar, devem ser intercalada com pequenos lanches.
Por que jejuar antes de exames?
Análises do sangue, sobretudo quando envolvem a dosagem da glicose, ainda cobram algumas horas sem nada na barriga - o objetivo é evitar eventuais interferências no resultado. Além dos exames, todo procedimento que envolve sedação requer jejum, tendo em vista que muitas vezes os anestésicos causam náuseas. No caso de o paciente estar de estômago cheio pode vomitar e aspirar.
QUEBRE O JEJUM
Trata-se de uma combinação adequada para o ínicio do dia. Fonte e proteínas, gorduras boas e fibras, o lanche é levinho, levinho.
Tanto a fruta quanto o cereal são riquíssimos em fibras. Caem bem de manhã, dando saciedade até a hora do almoço.
MORANGO + BISCOITOS INTEGRAIS
A fruta é pobre em calorias e rica em antioxidantes. Já os biscoitos reúnem fibras. O melhor de tudo: a dupla cabe na mochila.
BISCOITOS INTEGRAIS + CREAM CHEESE + 1 SUCO DE LARANJA
Nesse combo, que pode ser devorado em poucos minutos, tem fibras, proteínas, cálcio e vitamina C. São muitos benefícios e pouca complicação.
Fonte: Revista Saúde abril/2014