Já é
de conhecimento popular que a alimentação da mãe durante a gestação influência
nos gostos dos bebês posteriormente.
Enquanto
os pais se esforçam para despertar o interesse dos filhos por frutas e
vegetais, um novo estudo aponta que a aceitação desse tipo de alimento tem
início ainda na gestação.
Os
pesquisadores descobriram que gestantes que possuem uma alimentação mais
variada estão menos propensas a ter bebês com paladares exigentes. Ainda, eles
identificaram que os bebês aceitam com mais facilidade os alimentos que a mãe
consome regularmente durante a gestação e a amamentação.
“A
pesquisa mostra claramente que, se as mães ingerirem muitas frutas durante a
gestação e a amamentação, seus filhos terão muito mais facilidade em consumir
frutas durante o desmame. O mesmo vale para os vegetais. Os bebês são
biologicamente atraídos por alimentos que contenham sal e açúcar, mas o mesmo
não acontece com alimentos amargos, como vegetais verdes”, explica a
pesquisadora Julie Mennella, do Monell Centre, na Filadélfia, nos Estados
Unidos.
Então,
para que as crianças se interessem por novos sabores, a pesquisadora sugere que
eles sejam expostos a uma grande variedade de frutas e verduras para que possam
aprender a apreciá-los. E a boa notícia, de acordo com o jornal britânico The
Daily Mail, é que eles assimilam alimentos saudáveis bem cedo.
“O
segredo é, coma os alimentos saudáveis de que você gosta e quando o bebê
estiver na fase do desmame ele estará familiarizado com aqueles sabores”,
complementa Mennella.
Testes
que comprovam
A
pesquisa, apresentada na conferência anual da American Association for the
Advancement of Science, trabalhou com 46 bebês com idade entre seis meses e um
ano.
Um
dos primeiros testes buscava avaliar se eles se interessavam por um cereal com
sabor de cenoura. Os pesquisadores notaram que os bebês cujas mães beberam suco
de cenoura diversas vezes durante a gravidez consumiram mais de 80 gramas de
cereal. Por outro lado, o restante dos bebês ingeriu apenas 44 gramas.
Em
outro teste, os bebês consumiram ervilhas durante oito dias. No primeiro dia,
eles comeram uma média de 50 gramas, mas, com o passar do tempo, a quantidade
ingerida aumentou para 80 gramas.
De
acordo com a pesquisadora, esses resultados revelam que o segredo não está em
mascarar certos alimentos no preparo dos pratos, mas, sim, fazer com que a
criança aprenda a gostar do sabor de frutas e vegetais independentemente de
outros alimentos.
“Independente
se a criança é amamentada ou não, ela pode aprender logo que o desmame começa.
Se os bebês forem repetidamente expostos a frutas e vegetais, logo eles
começarão a aceitar esses alimentos. Por volta dos dois anos, não há motivo
nenhum que impeça uma criança de ter uma dieta tão variada quanto um adulto”,
finaliza a Dra. Julie Mennella.
Também
não é de surpreender que pesquisadores tenham descoberto que a ingestão de
comidas ricas em gorduras e açúcares por parte das gestantes pode transformar
os bebês em viciados em junk food.
O estudo realizado na
Austrália e divulgado no jornal The Daily Mail ainda aponta que esse tipo de
alimento tem o mesmo efeito químico que drogas como o ópio, a heroína e a
morfina podem causar no organismo. Isso demonstra que os impulsos causados por
comidas gordurosas representam, de fato, um vício.
No
caso das gestantes, os pesquisadores descobriram que esse tipo de hábito pode
resultar em alterações no desenvolvimento do cérebro dos bebês. Essas mudanças
fazem com que as crianças fiquem menos sensíveis à opióides, substâncias que
são liberadas quando ingerimos alimentos ricos em gorduras e açúcares. Esse
processo faz com que os pequenos desenvolvam uma tolerância à substância e
precisem ingerir quantidades maiores de junk food para se sentirem plenamente
satisfeitos.
“Esse
estudo mostra que o vício em junk food realmente existe. É triste admitir que a
ingestão de porcarias durante a gestação transforme as crianças em viciados em
junk food”, admite Dr. Gerald Weissmann, editor do periódico Journal of the
Federation of American Societies for Experimental Biology.
Para
chegar a essas conclusões, os pesquisadores analisaram dois grupos de filhotes
de ratos. O primeiro deles havia passado por uma gestação com uma alimentação
adequada para animais e o segundo grupo de ratos havia sido alimentado com junk
food humana durante a gestação e amamentação.
Depois
de realizar uma série de testes, os cientistas concluíram que os animais
afetados pelas porcarias administradas às mães tinham uma menor sensibilidade
aos opióides, o que os levava a consumir mais comidas doces e gordurosas.
“Os
resultados dessa pesquisa nos permitirão informar melhor as gestantes sobre os
efeitos a longo prazo que sua dieta tem no desenvolvimento das preferências das
crianças e nos riscos de doenças metabólicas. Com sorte, isso encorajará as
mães a fazerem escolhas alimentares mais saudáveis que levarão a crianças mais
saudáveis”, explicou Dr. Beverly Muhlhausler, da Universidade de Adelaide, na
Austrália.
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